domingo, 1 de julho de 2012

Voo sonhado



Eu podia acordar de manhã e voar. Podia acordar antes do sol nascer, abeirar-me da janela da varanda, empoleirar-me e lançar-me em voo do sétimo andar, apenas para saciar a curiosidade cega que me invade sempre que uma gaivota passa e fala comigo, sem me dizer para onde vai. Quero perceber o que me diz. Quero que me diga onde vai. E se nada disser, então que me mostre os labirintos aéreos que percorre. Os esconderijos marítimos que a albergam.

Eu quero voar sobre o mar. Sentir o sol quente a tocar-me com os seus raios doirados, enquanto o brilho da água me encandeia e eu sorrio. Quero rasar as águas calmas de um dia de Verão, até poder ver o meu reflexo bem de perto. Até poder sentir o sabor do sal que as ondas fazem viajar até mim.

Eu vou voar ao anoitecer. Conhecer que recantos aconchegam o sono dos pássaros. E, se lá couber, aninhar-me junto deles e dormir também. Num sono leve de penas e silencioso de piares. Com a lua a desvelar-se em cuidados, para que o sono de todos nós, suas criaturas, seja embalado por brisas suaves e sonhos tranquilos.

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